quarta-feira, 29 de agosto de 2012

OS VINGADORES - Crítica

Com a iminência do lançamento do DVD do tão aprovado pelo público Os Vingadores, resolvi, de modo vergonhosamente atrasado, publicar uma crítica sobre o grande trunfo cinematográfico da Marvel, até mesmo, para aqueles que não tiveram a oportunidade de ver o filme.

A verdade é que fazer um filme de um grupo de super-heróis é uma ideia que dificilmente poderia dar errado. Projeções baseadas em HQ's geralmente causam grande alvoroço entre o público e quase sempre leva um grande número de pessoas às salas de cinema.

Mas esse não é o segredo de Os Vingadores. A obra possui diversos elementos que merecem ser elogiados e destacados. Alguns criticáveis também, é verdade, mas o balanço geral é extremamente positivo.

Começando pelo planejamento feito pela Marvel, digno de muitos elogios. A empresa liderada por Stan Lee já havia projetado o filme há muito tempo. E este projeto não foi só bem arquitetado, mas muito bem executado também. Preparando o terreno com bons filmes (nenhum deles extraordinário) como Homem de Ferro, Homem de Ferro 2, Capitão América, Thor e O Incrível Hulk , todos se relacionando de maneira muito clara diante dos olhos do público, aguçaram intensamente o interesse não só de quem é aficcionado por HQ's, mas de quem é adepto à sétima arte no geral. E, convenhamos, esta foi uma ideia genial. Tão genial, que a DC Comics, principal concorrente, tenta atualmente de maneira muito apressada, desorganizada e com grandes chances de não alcançar a repercussão que a rival atingiu, fazer o mesmo.

Hora de falar do filme em si. Se tivéssemos que descrever a projeção com uma única palavra, esta seria "eficaz". Os Vingadores é extremamente bem-sucedido ao cumprir a proposta que tem: Reunir alguns dos super-heróis mais famosos de maneira triunfal, divertida e envolvente em um único filme. Vale lembrar, que não é uma obra-prima e está bem longe disso. Mas se coloca um pouco acima do nível estagnado e burocrático que Hollywood vem passando. Um dos pontos fortes que Joss Wheldon (diretor) explorou foi a interação entre os protagonistas (Inclusive, este é um aspecto muito elogiado por diversas críticas que li ao longo dos meses). Nunca deixa de ser divertido as "alfinetadas" trocadas por Steve Rogers (Chris Evans) e Tony Stark (Robert Downey Jr.). Particularmente uma das minhas cenas favoritas, é constituída pela reunião do grupo na base da S.H.I.E.L.D, quando Thor (Chris Hemsworth) faz uma - indevidamente polêmica - referência ao seu irmão Loki (Tom Hiddleston).

Além do mais, as cenas de ação, ainda que exageradamente digitais, são empolgantes e funcionam muito bem. Além de serem bem concebidas, são compreensíveis, qualidade que os filmes de ação da atualidade tem tido enorme dificuldade de exibir - por exemplo, Os Mercenários, onde as cenas de ação promissoras são boicotadas pelo frenético corte de câmeras e pífia edição. Aliás, as cenas de ação de Os Vingadores, resgata uma característica extremamente agradável, muito presente em filmes da década de 90 principalmente (talvez hajam exemplos muito melhores, mas um que veio em minha mente de imediato foram os antigos e divertidos filmes As Tartarugas Ninja): Depois que as explosões e as trocas de socos e chutes acontecem, geralmente o Wheldon finaliza toda a injeção de adrenalina proporcionada pela sequência com alguma gag ou cena engraçada. A mais famosa e que a maioria conhece, envolve os personagens Hulk (Mark Ruffalo) e Loki.

Quando saí do cinema, fiquei com uma sensação de desapontamento em função do enredo do filme. O achei exageradamente infantil. Tendo em vista a franquia recém-terminada de Batman, conduzida quase com maestria (ler postagem anterior, crítica de Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge) por Christopher Nolan, onde casou-se o conceito lúdico dos super-heróis com a realidade do cotidiano, eu tinha a sedimentada crença de que todos os filmes do gênero deveriam ter este formato. Mas para que isto fosse feito, todos os filmes que antecederam Os Vingadores teriam que ter sido conduzidos de maneira completamente diferente. E ao fazer isto, talvez não houvesse abertura para que se reunissem todos os super-heróis em um único filme. Para que isso fique mais claro, notem como soaria distorcido e superficial se o Batman de Christopher Nolan fosse inserido num contexto de "super-grupo que deve salvar o mundo". Então, a minha nova conclusão é que, sim, o enredo possui alguns pontos sem muita maturidade, mas ainda assim é um mal necessário para que o filme acontecesse.

Como é comum em críticas cinematográficas, é importante tratar das atuações do filme. Todos os atores vão bem e conseguem passar veracidade em seus personagens. Até mesmo o anteriormente criticado Chris Evans, encarna de maneira admirável o seu papel, ainda que a postura própria do ator e o roteiro não ajudem muito para que o Capitão América tenha o tom de liderança que originalmente possui nas HQ's. Samuel L. Jackson, também criticado por mim no passado (ver crítica de Homem de Ferro 2 ) , consegue dar a atmosfera adequada ao seu Nick Fury. Scarlett Johansson (Viúva Negra) e Jeremy Renner (Gavião Arqueiro) proporcionam aos seus personagens a química pesada de um relacionamento cujo sentimento puro é barrado pelo devers. Até mesmo as aparições de Gwenneth Paltrow e Natalie Portman (aparição que se resume à uma foto) são bem-vindas pelo fato de fazerem parte dos filmes solos anteriores. Os protagonistas, como já dito, são sem dúvida a atração principal da projeção.

No final, Os Vingadores é um ótimo filme que vale a pena assistir quantas vezes o espectador tiver oportunidade. O DVD sai amanhã, dia 30 de agosto de 2012 e já é previsível a grande fila de pessoas que vão querer alugar ou adquirir uma obra que prometeu muito ao seu público e cumpriu de maneira extremamente satisfatória.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

BATMAN, O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE - Crítica

Quando "Batman Begins", surgiu em 2005, particularmente ainda via com bons olhos a tão criticada primeira franquia do Homem-Morcego. Claro, não posso me crucificar, porque até mesmo pela idade bastante reduzida, era difícil lançar um olhar mais clínico para qualquer filme que fosse. Somado a isso, a atmosfera alegórica criada para os primeiros filmes, especialmente os dois concebidos por Joel Schumacher ("Batman Eternamente" e "Batman & Robin") eram e talvez sejam até hoje, um prato cheio para qualquer criança. Dessa maneira, ver um Batman completamente refeito, sob um pano de fundo mais realista e concreto, foi certamente um grande choque para mim e para a maioria do público.

Christopher Nolan, diretor da nova saga do herói mascarado, se arriscou quando trouxe um super-herói para muito perto de fatos que vemos diariamente em noticiários: criminalidade, máfia, corrupção. Será que quem vai ao cinema ver um filme baseado em HQs espera ver a própria realidade retratada?

Independente disso, a ousadia do cineasta foi bem recompensada. "Batman Begins" acalmou os sisudos críticos de cinema que viam com extremo pessimismo a volta de Batman para as telonas. É, de fato, um filme eficiente e mais do que o suficiente para abrir caminho para uma nova franquia. Eis que em 2008, fomos presenteados com "Batman - O Cavaleiro das Trevas", quando Nolan, no que eu considero como a maior inspiração cinematográfica de sua carreira, cria não só uma ótima história, mas um meio fantástico de executá-la. Tudo isso ainda foi abrilhantado pela exímia atuação de Heath Ledger, que criou o vilão mais plausível e assustador de todos os tempos.

Não era pra menos que chegássemos ao ano de 2012 com todas as melhores expectativas para o desfecho de uma trilogia que vinha até então numa crescente admirável...

Mas como expressar a tamanha decepção de assistir "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", sem criticar quase todos os elementos do filme, mais por respeito aos seus antecessores? É o que vou tentar fazer...

O Cavaleiro das Trevas Ressurge, inicia de uma maneira promissora. Mas isso, por mais incrível que pareça não pode ser elogiado, porque repete de maneira muito clara a forma de O Cavaleiro das Trevas: a apresentação do vilão, a interação entre os cúmplices, a exposição da crueldade do antagonista. Tudo muito semelhante. Ainda assim, a composição desta cena é muito bem feita e até consegue empolgar, caso nos demos a permissão de esquecer tudo o que já vimos antes.

Apesar disso, o caminho pelo qual a história poderia se desenvolver colocado ao espectador no início da projeção é muito interessante, é verdade. Todos os conflitos de Bruce Wayne, as consequências dos atos e das escolhas que teve como Batman, a amizade que tem com seu mordomo Alfred (brilhantemente interpretado por Michael Caine, diga-se de passagem). Todos esses fatores até acenam com grandiosidade, mas não conseguem sustentar a própria proposta.

E vale dizer também, que os erros de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" não são escandalosos. O grande problema é a frequência e a quantidade com a qual acontecem no filme. Desde erros técnicos (repare como a nave, ou "Morcego" como é chamado o veículo, pilotado por Batman, sobrevoa Gotham City de uma maneira completamente superficial) até problemas de coesão, acabam destruindo todo o terreno construído pelas duas primeiras obras.

Outro grave problema que merece destaque é a maneira como Nolan desenvolve seus filmes. Sim, sou grande admirador da habilidade que este diretor possui de construir tramas complexas e bem elaboradas. Em "A Origem" , o espectador dificilmente compreende o filme na primeira vez que o assiste. Em "Batman - O Cavaleiro das Trevas" toda a profundidade do vilão Coringa jamais é compreendida, mas sim sentida. Abstração é recurso sabidamente presente nas obras do cineasta. Entretanto, a diferença entre as projeções citadas para esta, é que Nolan em todos os filmes bem-sucedidos de sua carreira, constrói uma realidade que consegue explorar e sustentar até o final. Neste fraco terceiro filme, o diretor visivelmente tenta lapidar o próprio roteiro com extrema agressividade, mas não consegue extrair o que desejava. O resultado é uma trama confusa, repleta de falhas e ainda piorada por diálogos pedestres.

As atuações poderiam ser, novamente a grande sensação do filme, caso não tivessem sido afundadas pelos diversos erros já comentados. Michael Caine (como já dito anteriormente) dá uma aula de atuação, quando protagoniza um dos momentos mais tocantes do filme. Christian Bale (Batman/Bruce Wayne), Morgan Freeman (Lucius Fox), Marion Cotillard (Miranda Tate), Gary Oldman (Comissário James Gordon) e Joseph Gordon-Levitt (Policial Blake) não comprometem em nenhum momento a projeção, e até fazem com que as exageradas 2h45 de duração não sejam uma experiência tão ruim. Destaque negativo para Anne Hathaway (Selina Kyle/Mulher-Gato) que cria uma personagem totalmente dispensável, tanto para a história, quanto para sua carreira. Impossível não compará-la com Michelle Pfeifer, que interpretou a mesma vilã na década de 90 e se saiu muitíssimo melhor. A agradável surpresa foi Tom Hardy (Bane) que tinha, talvez, a grande missão de suceder o perfeito Coringa de Ledger. E o ator não decepciona. Evidentemente, não é digno dos inúmeros elogios dados ao falecido ator em 2008, mas seu Bane é assustador e desafiador.

Provavelmente, muitas pessoas encarem uma crítica cinematográfica negativa como algo do qual o autor do texto se compraz de escrever. Mas lhes garanto com toda a certeza que este não é o meu caso. Gostaria muito de escrever coisas fabulosas sobre este filme, que estava aguardando ansiosamente. Gostaria de poder escrever que Christopher Nolan e seu Batman concluíram sua jornada de maneira infinitamente mais satisfatória que o Batman da década de 80/90. Mas não posso. O que posso, é dizer que Batman ficará aguardando por desfechos mais gloriosos do que os que já foram dados à ele. Nenhum até agora, digno do personagem.