No último domingo, dia 11 de março de 2010, eu tive o prazer de me reunir com alguns amigos da casa espírita que eu frequento, para assistir a um filme que tinha inicialmente uma responsabilidade enorme: Contar e explicar - e talvez essa explicação fosse o maior problema que o diretor Daniel Filho fosse enfrentar - a história de uma das maiores personalidades religiosas contemporâneas: Chico Xavier.
A projeção já começa interessante, porque o título se mostra atrativo. O nome do filme (Chico Xavier) vai se formando ao som do rabisque de um lápis, fazendo alusão a uma característica marcante do grande Chico: a psicografia.
O filme começa retratando um programa muito famoso do qual Chico Xavier participava no passado, chamado "Pinga-Fogo", que vai se desenrolando simultaneamente com a história da vida do personagem. A projeção mostra três fases da vida do protagonista, começando pela infância, interpretada pelo promissor Matheus Rocha, que emprega ao seu personagem a inocência e a coragem devida, apoiando-se muitas vezes em outras atuações magníficas, como as de Letícia Sabatela - que interpreta a mãe falecida de Chico -; Giovana Antonelli - que vive a madrastra -, essa apresentando talvez um de seus mais brilhantes trabalhos, porque aplica uma veracidade incontestável ao seu papel; Pedro Paulo Rangel - intérprete do padre da igreja da qual Chico frequentava -, que embora jamais mude o seu estilo, independente de seu personagem, nos emociona com o verdadeiro sentimento que mostra pelo pequeno protagonista.
Logo depois de uma infânica problemática e cheia de desconfiança por parte de quem não acredita que Chico possa ver espíritos já desencarnados, chegamos à fase adulta do personagem. Esta merece destaque especial pela brilhante e insuperável interpretação de Ângelo Antônio, ator que passou a ter o meu respeito e minha admiração. Em muitas ocasiões, apesar de não ser o maior conhecedor da história do personagem principal, o público tem a real sensação de estar vendo um Chico Xavier jovial, mas em toda a sua essência na tela do cinema. Uma atuação realmente incontestável. É nessa fase inclusive, que Chico "conhece" o seu mentor e grande amigo, Emmanuel, vivido por André Dias - uma das atuações mais fracas do filme, apesar de ter sido fiel ao seu personagem, segundos relatos conhecidos.
Posteriormente, chegamos a velhice de Chico Xavier, interpretada por Nelson Xavier - que na minha opinião, não poderiam ter escolhido um ator melhor e mais parecido fisicamente com o Chico verdadeiro. Uma atuação sensata, verdadeira e engraçada. Mais uma vez, um belo trabalho de um grande ator.
O filme conta com todo o tipo de gênero, agradando muitos gostos. Temos comédia (como na cena em que Chico está dentro de um avião passando por uma intensa turbulência e ao externar todo o medo que está sentindo, Emmanuel lhe aplica duros sermões), suspense (como na cena em que Chico psicografa pela primeira vez), e até mesmo certa ação (quando, por exemplo, o irmão de Chico está prestes a desencarnar). Além disso, Daniel Filho e sua equipe dão ao filme uma qualidade tão grandiosa, que tive a nítida impressão de estar contemplando uma das mais bem trabalhadas obras de Hollywood, demonstrando uma imensa evolução do cinema brasileiro.
O mais impressionante, entretanto, é a sensibilidade que o diretor consegue passar, porque era esse mais um grande desafio: contar e explicar, mas acima de tudo de uma forma que não soasse agressiva a outras religiões, e muito menos fanática ao espiritismo. Muito pelo contrário, o filme prende a atenção até mesmo de quem se diz sem religião alguma, talvez porque Chico era ao mesmo tempo um ser tão próximo de nós (porque aparentemente era um ser humano como qualquer outro) mas também muito distante (haja visto na própria projeção, a evolução que lhe era peculiar, pelo fato de jamais se abater, seja lá qual fosse o obstáculo que se colocasse em sua sofrida vida).
Voltando a falar de atuações, Tony Ramos e Cristiane Torloni são, nesta obra, menos expressivos do que imaginei que seriam, mas ainda assim conseguem emocionar o público com uma das últimas cenas do filme.
Enfim, vale a pena assistir a este grande feito do cinema brasileiro, que começa a se projetar dentre as grandes potências cinematográficas do mundo, porque já chocou a todos com ótimos filmes como o antigo "Central do Brasil", ou os mais atuais "Meu Nome não é Johnny", "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" ou o estrondoso "Tropa de Elite", e agora com o excelente "Chico Xavier", que já bateu recordes em sua estréia. Apesar de ser impossível reproduzir tudo o que foi Chico Xavier em apenas um filme, vemos aqui uma obra extremamente fiel e atraente ao que foi um dos homens mais iluminados do nosso planeta, sendo inclusive um exemplo de vida para todos nós.
OBS 1.: Gostaria de parabenizar a iniciativa do diretor de citar grandes personalidades do espiritimo no filme, como Divaldo Franco e José Arigó
OBS 2.: Em setembro, outra grande obra espírita que será adaptada para o cinema promete arrebentar em questões de público e qualidade. Esteticamente falando, o trailer de "Nosso Lar" é perfeito e promete ser uma das mais bem acabadas obras do cinema mundial. Estarei esperando ansiosamente.
OBS 3.: Nos créditos finais do filme, temos algumas cenas reais do programa "Pinga-Fogo", que também é retratadona obra. O magnetismo de Chico Xavier é tão grandioso, que logo depois que se encerram as cenas, todo o público que estava comigo na sessão do cinema saiu calado, porque, segundo eu presumi, estavam todos atingidos por uma intensa emoção.
Assino embaixo o comentário do meu querido irmão PPtinha. O Filme de Chico Xavier foi um grande marco na histório do cinema Nacional. Só descordo da parte em que ele cita que a a atuação do ator que interpreta Emmanuel foi fraca. Acho que ele foi muito bem no papel e acredito ter interpretado muito bem o mentor (é uma dedução...Não tive o prazer de conhecer Emmanuel, risos). Acredito também que até aqueles que não seguem a doutrina espírita poderia "arriscar-se" em ver este filme, atentando-se não apenas na temática Espírita, mas principalmente na bondade que o ser humano pode alcançar, como foi o caso de Chico. Todos poderiamos nos espelhar nos sentimentos e nos bons atos dele, independente de religiões ou credos.
ResponderExcluirEm relação ao filme "Nosso Lar" (lançamento previsto para setembro) na minha modesta e leiga opinião, este filme terá indicação a Oscar...Não sei porquê, mas estou certo disso. Aguardemos para ver.
Abraços.
VALEU PELO COMENTARIO QUERIDO IRMAO CAVI!!!
ResponderExcluirBJOSSS