Christopher Nolan, diretor da nova saga do herói mascarado, se arriscou quando trouxe um super-herói para muito perto de fatos que vemos diariamente em noticiários: criminalidade, máfia, corrupção. Será que quem vai ao cinema ver um filme baseado em HQs espera ver a própria realidade retratada?Independente disso, a ousadia do cineasta foi bem recompensada. "Batman Begins" acalmou os sisudos críticos de cinema que viam com extremo pessimismo a volta de Batman para as telonas. É, de fato, um filme eficiente e mais do que o suficiente para abrir caminho para uma nova franquia. Eis que em 2008, fomos presenteados com "Batman - O Cavaleiro das Trevas", quando Nolan, no que eu considero como a maior inspiração cinematográfica de sua carreira, cria não só uma ótima história, mas um meio fantástico de executá-la. Tudo isso ainda foi abrilhantado pela exímia atuação de Heath Ledger, que criou o vilão mais plausível e assustador de todos os tempos.
Não era pra menos que chegássemos ao ano de 2012 com todas as melhores expectativas para o desfecho de uma trilogia que vinha até então numa crescente admirável...
Mas como expressar a tamanha decepção de assistir "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", sem criticar quase todos os elementos do filme, mais por respeito aos seus antecessores? É o que vou tentar fazer...
O Cavaleiro das Trevas Ressurge, inicia de uma maneira promissora. Mas isso, por mais incrível que pareça não pode ser elogiado, porque repete de maneira muito clara a forma de O Cavaleiro das Trevas: a apresentação do vilão, a interação entre os cúmplices, a exposição da crueldade do antagonista. Tudo muito semelhante. Ainda assim, a composição desta cena é muito bem feita e até consegue empolgar, caso nos demos a permissão de esquecer tudo o que já vimos antes.
Apesar disso, o caminho pelo qual a história poderia se desenvolver colocado ao espectador no início da projeção é muito interessante, é verdade. Todos os conflitos de Bruce Wayne, as consequências dos atos e das escolhas que teve como Batman, a amizade que tem com seu mordomo Alfred (brilhantemente interpretado por Michael Caine, diga-se de passagem). Todos esses fatores até acenam com grandiosidade, mas não conseguem sustentar a própria proposta.
E vale dizer também, que os erros de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" não são escandalosos. O grande problema é a frequência e a quantidade com a qual acontecem no filme. Desde erros técnicos (repare como a nave, ou "Morcego" como é chamado o veículo, pilotado por Batman, sobrevoa Gotham City de uma maneira completamente superficial) até problemas de coesão, acabam destruindo todo o terreno construído pelas duas primeiras obras.
Outro grave problema que merece destaque é a maneira como Nolan desenvolve seus filmes. Sim, sou grande admirador da habilidade que este diretor possui de construir tramas complexas e bem elaboradas. Em "A Origem" , o espectador dificilmente compreende o filme na primeira vez que o assiste. Em "Batman - O Cavaleiro das Trevas" toda a profundidade do vilão Coringa jamais é compreendida, mas sim sentida. Abstração é recurso sabidamente presente nas obras do cineasta. Entretanto, a diferença entre as projeções citadas para esta, é que Nolan em todos os filmes bem-sucedidos de sua carreira, constrói uma realidade que consegue explorar e sustentar até o final. Neste fraco terceiro filme, o diretor visivelmente tenta lapidar o próprio roteiro com extrema agressividade, mas não consegue extrair o que desejava. O resultado é uma trama confusa, repleta de falhas e ainda piorada por diálogos pedestres.
As atuações poderiam ser, novamente a grande sensação do filme, caso não tivessem sido afundadas pelos diversos erros já comentados. Michael Caine (como já dito anteriormente) dá uma aula de atuação, quando protagoniza um dos momentos mais tocantes do filme. Christian Bale (Batman/Bruce Wayne), Morgan Freeman (Lucius Fox), Marion Cotillard (Miranda Tate), Gary Oldman (Comissário James Gordon) e Joseph Gordon-Levitt (Policial Blake) não comprometem em nenhum momento a projeção, e até fazem com que as exageradas 2h45 de duração não sejam uma experiência tão ruim. Destaque negativo para Anne Hathaway (Selina Kyle/Mulher-Gato) que cria uma personagem totalmente dispensável, tanto para a história, quanto para sua carreira. Impossível não compará-la com Michelle Pfeifer, que interpretou a mesma vilã na década de 90 e se saiu muitíssimo melhor. A agradável surpresa foi Tom Hardy (Bane) que tinha, talvez, a grande missão de suceder o perfeito Coringa de Ledger. E o ator não decepciona. Evidentemente, não é digno dos inúmeros elogios dados ao falecido ator em 2008, mas seu Bane é assustador e desafiador.
Provavelmente, muitas pessoas encarem uma crítica cinematográfica negativa como algo do qual o autor do texto se compraz de escrever. Mas lhes garanto com toda a certeza que este não é o meu caso. Gostaria muito de escrever coisas fabulosas sobre este filme, que estava aguardando ansiosamente. Gostaria de poder escrever que Christopher Nolan e seu Batman concluíram sua jornada de maneira infinitamente mais satisfatória que o Batman da década de 80/90. Mas não posso. O que posso, é dizer que Batman ficará aguardando por desfechos mais gloriosos do que os que já foram dados à ele. Nenhum até agora, digno do personagem.
Não esperava por tamanha qualidade em crítica... Não há nada que eu possa criticar negativamente, se não o fato de discordar com o conteúdo escrito. Porém cada um tem direito a sua opinião e sem bases sólidas elas não são argumentos. E pelos argumentos dados terei de pensar muito, caso queira defender a conclusão da obra de Nolan.
ResponderExcluirObrigado, cara!!! Obrigado pelas palavras!!
ExcluirSabe, eu queria muito, muito mesmo ter gostado desse filme como gostei dos outros dois. Mas sei lá... não fui muito com a cara não... rsrsrs...
Mas quando vc tiver um tempo, exponha suas opiniões e seus argumentos, não só sobre este filme mas como dos outros. Eu gosto muito de ler todas as opiniões possíveis.
Abração!!!!!