terça-feira, 16 de outubro de 2012

TED - Crítica

A grande verdade não compreendida do público quando se vai ao cinema, é a clara convicção do que se pretende ver em uma projeção, seguindo é claro o gênero do qual o filme foi enquadrado. Por exemplo, por que o filme Scooby Doo (2002) foi uma grande decepção cinematográfica? Porque o que se esperava, era ver um filme seguindo pelo menos os comprovadamente funcionais moldes do clássico desenho animado produzido por William Hanna e Joseph Barbera. E quando digo "comprovadamente funcionais", basta olharmos para trás, e ver que o tempo não foi o bastante para tirar o sucesso da série, que foi ao ar pela primeira vez em 1969. Contrariando todas as expectativas, o que vimos naquela triste ocasião, foram os famosos personagens distorcidos, uma história ridícula e para completar, um elenco mal-escolhido.

Deste modo, o que você, espectador, deve se perguntar ao ir assistir este insatisfatório Ted nos cinemas, é: "O que eu quero assistir?"

Bem, se você é fã dos estilos de comédia excessivamente usados em filmes como os da série "American Pie" , ou "Todo Mundo em Pânico" por exemplo , cujo humor só acontece através de apelações recorrentes quase exclusivamente à pornografia, então esta obra dirigida por Seth MacFarlane é um prato cheio.

Repleto de tiradas maliciosas e preconceituosas, o grande trunfo - e aqui, leia-se "trunfo" pra quem aprecia o tipo de comédia descrito acima - de Ted é querer fazer o público rir a qualquer custo. Do contrário, jamais teríamos uma projeção que conta uma história de um urso de brinquedo que ganha vida através de um desejo de criança. Pelo menos, não em um filme que se preocupe em entreter o seu espectador pela grandiosidade, ou ao menos inteligência de seu enredo. Sim, talvez a grande conclusão seja esta: Ted não é, de forma alguma, um filme inteligente, mas sim uma grande palhaçada.

Apenas filmes, cujo conteúdo possua extrema qualidade ou possua um elenco que consiga fazer a produção valer a pena - por exemplo, Os Caça-Fantasmas (1987) - podem se dar ao luxo de brincar tanto com a realidade a ponto de torná-la não só impossível, mas também ridiculamente absurda e ainda assim apresentá-la divertida e consistente. Do contrário, não tem nada de engraçado ver um ursinho de pelúcia fazendo sexo (?????), falando besteiras e - pasmem! - sendo uma celebridade tão famosa, que as pessoas já se acostumaram com a sua presença no cotidiano urbano.

E como se não bastasse a falta de qualidade própria do roteiro (escrito por Alec Sulkin, Wellesley Wild, e pelo também diretor Seth MacFarlane), Ted peca pela total inexperiência de seu diretor (criador da polêmica e bem-sucedida série de TV animada Uma Família da Pesada). É merecido um elogio pela coragem de MacFarlane de elaborar uma história própria, sem se basear em livros, filmes, ou qualquer outra obra já previamente concebida, iniciativa que poucos diretores adotam atualmente. Ainda assim, o filme é conduzido de maneira sofrível e apresenta uma série de deficiências técnicas. Ângulos de tomadas desfavoráveis (em especial a tomada vista de cima que encerra a projeção), um ambiente urbano excessivamente acinzentado, fato que acaba enjoando o espectador, são exemplos das deficiências apresentadas no filme. Até mesmo o CGI empregado na elaboração do protagonista do filme, sofre com a falta de organicidade em várias cenas (destaque para a sequência da briga de Ted com o seu amigo/dono).

E já que estamos falando dos erros de produção e roteiro do filme, gostaria aqui de lançar uma dúvida que não compreendi ainda, em relação à um dos fatos retratados na projeção (só leia esta parte se você já assistiu o filme. Do contrário, pule para o próximo parágrafo. Apesar da grande porcaria que é, não queremos estragar a sua surpresa com o filme) : Se Ted é uma celebridade tão famosa e tão bem aceita pela sociedade, qual é a grande dificuldade do personagem arrumar um emprego? Por que ele acaba arrumando um emprego do qual ele a princípio, não gosta? Alguém com a fama que ele possui, deveria poder conseguir  trabalho onde e quando quisesse, não? Mas quem está ligando para o que é plausível não é mesmo? O filme é um absurdo completo...

Para finalizar um trabalho ruim, o clímax é tão bobo - e tão parecido também - com o que vemos no filme Garfield (2004). E como já era de se supor, MacFarlane ainda tenta dar um toque sentimental para testar a afinidade do público com o seu personagem principal. E é justamente aí que a produção do filme trai a si própria. Porque é neste exato momento que nos damos conta que não criamos laços afetivos nenhum com o personagem: Ted é um sujeito à lá Charlie Harper (da série Two and a Half Men) mas sem a metade do carisma de Charlie Sheen.

Para não deixar o filme sem um mínimo elogio sequer, devo dizer que a atuação de Mark Wahlberg (John Bennet) está em um meio termo entre "regular" e "boa". Milla Kunis (Lori) é a decepção que costuma ser. Os demais atores e personagens passam desapercebidos na trama e simplesmente não merecem destaque. Nem mesmo a saudosa (para os fãs da antiga série Flash Gordon, não para a maioria do público, como eu, por exemplo) presença de Sam J Jones é fator memorável da produção.

Volto a lhes perguntar: O que desejam ver, ao irem assistir Ted no cinema? Se for uma comédia inteligente - o que eu gosto de chamar de boa comédia - aconselho-os a não perderem o seu tempo. Talvez, a ideia que origina o filme seria melhor aproveitada numa série de televisão, onde o diretor possui mais experiência e a exigência por algo bem feito não é nem um pouco alta.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

RESIDENT EVIL, RETRIBUIÇÃO - Crítica

Quando uma franquia de filmes, atinge o seu quinto volume, automaticamente se supõe que os seus antecessores tiveram muito conteúdo e foram extremamente bem-sucedidos em suas respectivas propostas. É inevitável pensar em sagas que tiveram tantos filmes e que realmente seguiam esse conceito, como a série "Harry Potter" , "Rocky" , "Star Wars", dentre tantas outras.

E talvez, Paul W. S. Anderson (diretor deste Resident Evil e dos anteiores) até ache realmente que elaborou uma "saga". Porque não consigo entender como uma história que se mostra tão despretensiosa ao longo dos anos, consegue ganhar cinco capítulos, mostrando exatamente a mesma coisa: Alice (Milla Jovovich) em trajes que NINGUÉM usaria para combater zumbis ou qualquer outra coisa que seja, andando de lá pra cá feito barata tonta, somente procurando criaturas para justificar a própria - permitam-me debochar - "história "(risos).

A verdade é que qualquer um pode assistir Resident Evil - Retribuição sem nunca ter sequer ouvido falar do jogo que inspira os filmes. Paul W. S. Anderson tem a irritante mania de recontar toda a história no começo de cada uma das quatro obras sucessoras de Resident Evil - O Hóspede Maldito, primeiro capítulo da franquia.

Dois pontos elogiáveis do longa: O efeito 3D empregado durante toda a projeção e as caracterizações dos personagens existentes no jogo, que mais soam como cosplays do que como figurino cinematográfico, o que é um prato cheio pra quem é fã e jogador dos bons jogos da Capcom que carregam o título discutido.

Fatores estes que se tornam ínfimos diante da grande bobagem que é a história. Por que Alice, demora tanto (cinco filmes!!!!) pra ir atrás dos responsáveis pelo acidente biológico do T-Virus? Por que ela simplesmente não para de ficar procurando zumbis e monstros e vai logo à fonte do problema?

Mas às vezes, até mesmo quando o filme é ruim, o protagonista consegue dar conta do recado. Este NÃO é o caso de Milla Jovovich. Aliás, juntamente com Michelle Rodriguez (personagem tão insignificante cujo nome nem é revelado) elas formam a dupla de canastronas do ano no cinema. Ter cinco "Resident Evil's" é ruim. Ter cinco "Resident Evil's" como Jovovich de protagonista é ainda pior. Especialmente nas tomadas em que ela precisa demonstrar que "não está com medo" ou que "sabe como lidar com a situação" a atriz derrapa horripilantemente.

Pra finalizar, Anderson ainda encerra a sua projeção do mesmíssimo modo como encerrou os filmes anteriores: Em panorama aberto, sugerindo que a partir dali, veremos algo realmente envolvente. Mas desde Resident Evil - A Extinção, terceiro filme, deixei de acreditar nas falsas promessas subliminares do diretor.

O que resta é esperar que o próximo "Resident Evil" , e espero que último, demonstre algo de novo, que os espectadores ainda não viram ou desconhecem. A decisão de inspirar uma série de filmes em um jogo de video-game não é uma má ideia. Mas até este tipo de ideia precisa de um pouco de originalidade por parte quem a executa. Algo que a produção dos cinco filmes ainda não demonstrou e não creio que comece a demonstrar futuramente.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

TOP 10 - Os Filmes mais engraçados dos últimos tempos

Olá de novo, grandes companheiros!

Como alguns de vocês já sabem, de vez em quando, surgem publicações classificatórias neste blog, geralmente numa lista de "10 melhores".

Quando se fala em cinema, o gênero que por último é lembrado, quase sempre é a Comédia.

Por isso, resolvemos fazer uma homenagem ao renegado estilo, e elaborar uma classificação dos 10 filmes de comédia que marcaram época, nos últimos anos:


10º LUGAR - Um Adolescente em Apuros (Trojan War)

Filmes como American Pie, Sem Trapaça Não tem Graça, Todo Mundo em Pânico, particularmente nunca me agradaram por muitas vezes tratarem a juventude como algo alucinadamente radical, descontrolada e erótica. Entretanto, neste longa de 1997, o tema é tratado com mais comédia inteligente, do que com qualquer um dos elementos citados acima, ainda que o enredo gire em torno do garoto Brad que deseja mais do que tudo transar com a garota mais sexy de seu convívio, a bela Brooke. No decorrer do filme ele é ajudado por sua amiga Leah (interpretada pela então desconhecida Jennifer Love Hewitt). Um bom filme, cuja leveza é o seu grande trunfo.


9º LUGAR -  Ace Ventura, Um Detetive Diferente (Ace Ventura, Pet Detective)

Jim Carrey. Somente com esse nome, não precisaria escrever mais nada. Mas a verdade, é que este filme merece elogios por proporcionar momentos de muita diversão ao seu espectador. Lançado em 1994, (época da qual Carrey se estabelecia como o mais talentoso ator de comédia) a obra conta a história de Ace Ventura, detetive particular especializado em casos relacionados à todo tipo de animais.
Talvez por ser antigo, tenha caído um pouco no esquecimento dos canais de televisão e pouco é colocado no ar. Mas quem tiver a oportunidade de assistir, tenha certeza de que esta é uma bela chance de dar muitas risadas.


8º LUGAR - Gigolô Por Acidente (Deuce Bigalow, Male Gigolo)

Muita gente não gosta e critica de forma exagerada Rob Schneider. Mas o fato é que neste filme, o ator provoca risadas frequentemente, pelas reações que tem ao encontrar os mais variados tipos de mulher. O longa de 1999, ganhou uma continuação que é verdadeiramente sofrível.


7º LUGAR - O Amor é Cego (Shallow Hal)

Este filme expôs à um público mais abrangente o talento de Jack Black, ator atualmente consagrado em Hollywood. Hal (Black) é um superficial homem que apenas se interessa por mulheres cujo físico seja o mais notável - e muitas vezes único - atributo. Por isso, é hipnotizado por um famoso psicólogo que faz com que o protagonista passe a ver refletido no exterior, o valor sentimental das mulheres.
Reforçado pela notável presença de Gwenneth Paltrow, O Amor é Cego não é só um filme engraçado, mas que aborda de forma inteligente um tema preocupante da sociedade: O preconceito. Obra de 2001


6º LUGAR - Como Se Fosse a Primeira Vez  (50 First Dates)

Grande sucesso de 2004, Como Se Fosse a Primeira Vez é, na minha opinião o mais brilhante trabalho de Adam Sandler.
Henry (Sandler) é um malandro que adora colecionar histórias sobre mulheres, até que conhece Lucy (Drew Barrimore) que tem um problema peculiar de memória, devido à um grave acidente.
Não só a comédia em si faz jus ao sucesso do longa, mas também a química existente entre os dois protagonistas e os personagens secundários (tenho preferência particular por dois: O metrosexual irmão de Lucy, Doug e Tom "10 Segundos").


5º LUGAR - Esqueceram de Mim (Home Alone)

No longínquo 1990, Macaulay Culkin surgia com um dos mais promissores atores de Hollywood. Com apenas 10 anos, foi a grande sensação de Esqueceram de Mim, filme que conta a história de uma criança que é esquecida pela famíla enquanto viajam de férias. Além disso, dois bandidos invadem a casa onde mora o garoto e lá acontecem os eventos mais engraçados que se poderia imaginar para uma situação como essa. Com certeza, um clássico da comédia.


4º LUGAR - O Mentiroso (Liar Liar)

Sim, meus amigos... Mais uma vez Jim Carrey.
Aqui o astro da comédia interpreta um advogado que vive de mentiras, tanto em sua vida profissional, como em sua vida pessoal. Mas após um desejo de aniversário de seu filho se realizar, o personagem não consegue contar mais uma mentira sequer, o que provoca situações complicadas, constrangedoras... e muito, muito engraçadas! Longa de 1997.


3º LUGAR - Ace Ventura 2, Um Maluco na África (Ace Ventura, When Nature Calls).

1995. Ano em que Jim Carrey (de novo!!) alcançou uma das maiores proezas de sua carreira. Ser exageradamente canastrão e engraçado ao mesmo tempo.
Ace Ventura 2, Um Maluco na África, apesar de suceder o primeiro filme sobre o maluco detetive de animais, aborda o seu protagonista de uma maneira completamente diferente e muitíssimo mais divertida. Esta obra é capaz de acabar com o mal-humor de qualquer um. O filme é simplesmente brilhante, do ponto de vista cômico.


2º LUGAR - O Máskara (The Mask)

Famoso filme de comédia de 1994, que revelou o frequente nome presente nesta postagem, Jim Carrey, O Máskara originalmente seria um filme de terror. Mas quando os produtores viram a estrondosa capacidade de Carrey de causar risos na equipe do filme, todo o roteiro foi reformulado para que o longa pertencesse ao gênero "Comédia". Acertada decisão, que de quebra, ainda revelou a - então - bela Cameron Diaz.



1º LUGAR - Todo Poderoso (Bruce Almighty)

Bem, já está mais do que claro que sou fã incondicional de Jim Carrey. Aqui, entretanto, ele atinge o seu auge e talvez o último trabalho brilhante de sua carreira. Todo Poderoso, de 2004, retrata Bruce Nolan (Carrey) um infeliz jornalista que vive amargurado por presenciar o sucesso de seu rival Evan Baxter (interpretado pelo também genial Steve Carrell), fato que ele considera injustiça divina. Até que, Deus (Morgan Freeman) resolve dar a oportunidade à Bruce de fazer o Seu trabalho de maneira mais justa e satisfatória.
Para mim, este filme é a representação perfeita do gênero comédia, porque não traz apenas elementos divertidos, mas trata também de temas que devem ser observados e refletidos cuidadosamente por todos nós. Por isso, aqui leva o primeiro lugar.


É isso minha gente! Espero que tenham gostado! E por favor, comentem... ou então curtam o Blog, para receberem notificações sobre cinema e sobre as últimas postagens aqui publicadas.

Grande Abraço!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

OS VINGADORES - Crítica

Com a iminência do lançamento do DVD do tão aprovado pelo público Os Vingadores, resolvi, de modo vergonhosamente atrasado, publicar uma crítica sobre o grande trunfo cinematográfico da Marvel, até mesmo, para aqueles que não tiveram a oportunidade de ver o filme.

A verdade é que fazer um filme de um grupo de super-heróis é uma ideia que dificilmente poderia dar errado. Projeções baseadas em HQ's geralmente causam grande alvoroço entre o público e quase sempre leva um grande número de pessoas às salas de cinema.

Mas esse não é o segredo de Os Vingadores. A obra possui diversos elementos que merecem ser elogiados e destacados. Alguns criticáveis também, é verdade, mas o balanço geral é extremamente positivo.

Começando pelo planejamento feito pela Marvel, digno de muitos elogios. A empresa liderada por Stan Lee já havia projetado o filme há muito tempo. E este projeto não foi só bem arquitetado, mas muito bem executado também. Preparando o terreno com bons filmes (nenhum deles extraordinário) como Homem de Ferro, Homem de Ferro 2, Capitão América, Thor e O Incrível Hulk , todos se relacionando de maneira muito clara diante dos olhos do público, aguçaram intensamente o interesse não só de quem é aficcionado por HQ's, mas de quem é adepto à sétima arte no geral. E, convenhamos, esta foi uma ideia genial. Tão genial, que a DC Comics, principal concorrente, tenta atualmente de maneira muito apressada, desorganizada e com grandes chances de não alcançar a repercussão que a rival atingiu, fazer o mesmo.

Hora de falar do filme em si. Se tivéssemos que descrever a projeção com uma única palavra, esta seria "eficaz". Os Vingadores é extremamente bem-sucedido ao cumprir a proposta que tem: Reunir alguns dos super-heróis mais famosos de maneira triunfal, divertida e envolvente em um único filme. Vale lembrar, que não é uma obra-prima e está bem longe disso. Mas se coloca um pouco acima do nível estagnado e burocrático que Hollywood vem passando. Um dos pontos fortes que Joss Wheldon (diretor) explorou foi a interação entre os protagonistas (Inclusive, este é um aspecto muito elogiado por diversas críticas que li ao longo dos meses). Nunca deixa de ser divertido as "alfinetadas" trocadas por Steve Rogers (Chris Evans) e Tony Stark (Robert Downey Jr.). Particularmente uma das minhas cenas favoritas, é constituída pela reunião do grupo na base da S.H.I.E.L.D, quando Thor (Chris Hemsworth) faz uma - indevidamente polêmica - referência ao seu irmão Loki (Tom Hiddleston).

Além do mais, as cenas de ação, ainda que exageradamente digitais, são empolgantes e funcionam muito bem. Além de serem bem concebidas, são compreensíveis, qualidade que os filmes de ação da atualidade tem tido enorme dificuldade de exibir - por exemplo, Os Mercenários, onde as cenas de ação promissoras são boicotadas pelo frenético corte de câmeras e pífia edição. Aliás, as cenas de ação de Os Vingadores, resgata uma característica extremamente agradável, muito presente em filmes da década de 90 principalmente (talvez hajam exemplos muito melhores, mas um que veio em minha mente de imediato foram os antigos e divertidos filmes As Tartarugas Ninja): Depois que as explosões e as trocas de socos e chutes acontecem, geralmente o Wheldon finaliza toda a injeção de adrenalina proporcionada pela sequência com alguma gag ou cena engraçada. A mais famosa e que a maioria conhece, envolve os personagens Hulk (Mark Ruffalo) e Loki.

Quando saí do cinema, fiquei com uma sensação de desapontamento em função do enredo do filme. O achei exageradamente infantil. Tendo em vista a franquia recém-terminada de Batman, conduzida quase com maestria (ler postagem anterior, crítica de Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge) por Christopher Nolan, onde casou-se o conceito lúdico dos super-heróis com a realidade do cotidiano, eu tinha a sedimentada crença de que todos os filmes do gênero deveriam ter este formato. Mas para que isto fosse feito, todos os filmes que antecederam Os Vingadores teriam que ter sido conduzidos de maneira completamente diferente. E ao fazer isto, talvez não houvesse abertura para que se reunissem todos os super-heróis em um único filme. Para que isso fique mais claro, notem como soaria distorcido e superficial se o Batman de Christopher Nolan fosse inserido num contexto de "super-grupo que deve salvar o mundo". Então, a minha nova conclusão é que, sim, o enredo possui alguns pontos sem muita maturidade, mas ainda assim é um mal necessário para que o filme acontecesse.

Como é comum em críticas cinematográficas, é importante tratar das atuações do filme. Todos os atores vão bem e conseguem passar veracidade em seus personagens. Até mesmo o anteriormente criticado Chris Evans, encarna de maneira admirável o seu papel, ainda que a postura própria do ator e o roteiro não ajudem muito para que o Capitão América tenha o tom de liderança que originalmente possui nas HQ's. Samuel L. Jackson, também criticado por mim no passado (ver crítica de Homem de Ferro 2 ) , consegue dar a atmosfera adequada ao seu Nick Fury. Scarlett Johansson (Viúva Negra) e Jeremy Renner (Gavião Arqueiro) proporcionam aos seus personagens a química pesada de um relacionamento cujo sentimento puro é barrado pelo devers. Até mesmo as aparições de Gwenneth Paltrow e Natalie Portman (aparição que se resume à uma foto) são bem-vindas pelo fato de fazerem parte dos filmes solos anteriores. Os protagonistas, como já dito, são sem dúvida a atração principal da projeção.

No final, Os Vingadores é um ótimo filme que vale a pena assistir quantas vezes o espectador tiver oportunidade. O DVD sai amanhã, dia 30 de agosto de 2012 e já é previsível a grande fila de pessoas que vão querer alugar ou adquirir uma obra que prometeu muito ao seu público e cumpriu de maneira extremamente satisfatória.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

BATMAN, O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE - Crítica

Quando "Batman Begins", surgiu em 2005, particularmente ainda via com bons olhos a tão criticada primeira franquia do Homem-Morcego. Claro, não posso me crucificar, porque até mesmo pela idade bastante reduzida, era difícil lançar um olhar mais clínico para qualquer filme que fosse. Somado a isso, a atmosfera alegórica criada para os primeiros filmes, especialmente os dois concebidos por Joel Schumacher ("Batman Eternamente" e "Batman & Robin") eram e talvez sejam até hoje, um prato cheio para qualquer criança. Dessa maneira, ver um Batman completamente refeito, sob um pano de fundo mais realista e concreto, foi certamente um grande choque para mim e para a maioria do público.

Christopher Nolan, diretor da nova saga do herói mascarado, se arriscou quando trouxe um super-herói para muito perto de fatos que vemos diariamente em noticiários: criminalidade, máfia, corrupção. Será que quem vai ao cinema ver um filme baseado em HQs espera ver a própria realidade retratada?

Independente disso, a ousadia do cineasta foi bem recompensada. "Batman Begins" acalmou os sisudos críticos de cinema que viam com extremo pessimismo a volta de Batman para as telonas. É, de fato, um filme eficiente e mais do que o suficiente para abrir caminho para uma nova franquia. Eis que em 2008, fomos presenteados com "Batman - O Cavaleiro das Trevas", quando Nolan, no que eu considero como a maior inspiração cinematográfica de sua carreira, cria não só uma ótima história, mas um meio fantástico de executá-la. Tudo isso ainda foi abrilhantado pela exímia atuação de Heath Ledger, que criou o vilão mais plausível e assustador de todos os tempos.

Não era pra menos que chegássemos ao ano de 2012 com todas as melhores expectativas para o desfecho de uma trilogia que vinha até então numa crescente admirável...

Mas como expressar a tamanha decepção de assistir "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", sem criticar quase todos os elementos do filme, mais por respeito aos seus antecessores? É o que vou tentar fazer...

O Cavaleiro das Trevas Ressurge, inicia de uma maneira promissora. Mas isso, por mais incrível que pareça não pode ser elogiado, porque repete de maneira muito clara a forma de O Cavaleiro das Trevas: a apresentação do vilão, a interação entre os cúmplices, a exposição da crueldade do antagonista. Tudo muito semelhante. Ainda assim, a composição desta cena é muito bem feita e até consegue empolgar, caso nos demos a permissão de esquecer tudo o que já vimos antes.

Apesar disso, o caminho pelo qual a história poderia se desenvolver colocado ao espectador no início da projeção é muito interessante, é verdade. Todos os conflitos de Bruce Wayne, as consequências dos atos e das escolhas que teve como Batman, a amizade que tem com seu mordomo Alfred (brilhantemente interpretado por Michael Caine, diga-se de passagem). Todos esses fatores até acenam com grandiosidade, mas não conseguem sustentar a própria proposta.

E vale dizer também, que os erros de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" não são escandalosos. O grande problema é a frequência e a quantidade com a qual acontecem no filme. Desde erros técnicos (repare como a nave, ou "Morcego" como é chamado o veículo, pilotado por Batman, sobrevoa Gotham City de uma maneira completamente superficial) até problemas de coesão, acabam destruindo todo o terreno construído pelas duas primeiras obras.

Outro grave problema que merece destaque é a maneira como Nolan desenvolve seus filmes. Sim, sou grande admirador da habilidade que este diretor possui de construir tramas complexas e bem elaboradas. Em "A Origem" , o espectador dificilmente compreende o filme na primeira vez que o assiste. Em "Batman - O Cavaleiro das Trevas" toda a profundidade do vilão Coringa jamais é compreendida, mas sim sentida. Abstração é recurso sabidamente presente nas obras do cineasta. Entretanto, a diferença entre as projeções citadas para esta, é que Nolan em todos os filmes bem-sucedidos de sua carreira, constrói uma realidade que consegue explorar e sustentar até o final. Neste fraco terceiro filme, o diretor visivelmente tenta lapidar o próprio roteiro com extrema agressividade, mas não consegue extrair o que desejava. O resultado é uma trama confusa, repleta de falhas e ainda piorada por diálogos pedestres.

As atuações poderiam ser, novamente a grande sensação do filme, caso não tivessem sido afundadas pelos diversos erros já comentados. Michael Caine (como já dito anteriormente) dá uma aula de atuação, quando protagoniza um dos momentos mais tocantes do filme. Christian Bale (Batman/Bruce Wayne), Morgan Freeman (Lucius Fox), Marion Cotillard (Miranda Tate), Gary Oldman (Comissário James Gordon) e Joseph Gordon-Levitt (Policial Blake) não comprometem em nenhum momento a projeção, e até fazem com que as exageradas 2h45 de duração não sejam uma experiência tão ruim. Destaque negativo para Anne Hathaway (Selina Kyle/Mulher-Gato) que cria uma personagem totalmente dispensável, tanto para a história, quanto para sua carreira. Impossível não compará-la com Michelle Pfeifer, que interpretou a mesma vilã na década de 90 e se saiu muitíssimo melhor. A agradável surpresa foi Tom Hardy (Bane) que tinha, talvez, a grande missão de suceder o perfeito Coringa de Ledger. E o ator não decepciona. Evidentemente, não é digno dos inúmeros elogios dados ao falecido ator em 2008, mas seu Bane é assustador e desafiador.

Provavelmente, muitas pessoas encarem uma crítica cinematográfica negativa como algo do qual o autor do texto se compraz de escrever. Mas lhes garanto com toda a certeza que este não é o meu caso. Gostaria muito de escrever coisas fabulosas sobre este filme, que estava aguardando ansiosamente. Gostaria de poder escrever que Christopher Nolan e seu Batman concluíram sua jornada de maneira infinitamente mais satisfatória que o Batman da década de 80/90. Mas não posso. O que posso, é dizer que Batman ficará aguardando por desfechos mais gloriosos do que os que já foram dados à ele. Nenhum até agora, digno do personagem.