Deste modo, o que você, espectador, deve se perguntar ao ir assistir este insatisfatório Ted nos cinemas, é: "O que eu quero assistir?"Bem, se você é fã dos estilos de comédia excessivamente usados em filmes como os da série "American Pie" , ou "Todo Mundo em Pânico" por exemplo , cujo humor só acontece através de apelações recorrentes quase exclusivamente à pornografia, então esta obra dirigida por Seth MacFarlane é um prato cheio.
Repleto de tiradas maliciosas e preconceituosas, o grande trunfo - e aqui, leia-se "trunfo" pra quem aprecia o tipo de comédia descrito acima - de Ted é querer fazer o público rir a qualquer custo. Do contrário, jamais teríamos uma projeção que conta uma história de um urso de brinquedo que ganha vida através de um desejo de criança. Pelo menos, não em um filme que se preocupe em entreter o seu espectador pela grandiosidade, ou ao menos inteligência de seu enredo. Sim, talvez a grande conclusão seja esta: Ted não é, de forma alguma, um filme inteligente, mas sim uma grande palhaçada.
Apenas filmes, cujo conteúdo possua extrema qualidade ou possua um elenco que consiga fazer a produção valer a pena - por exemplo, Os Caça-Fantasmas (1987) - podem se dar ao luxo de brincar tanto com a realidade a ponto de torná-la não só impossível, mas também ridiculamente absurda e ainda assim apresentá-la divertida e consistente. Do contrário, não tem nada de engraçado ver um ursinho de pelúcia fazendo sexo (?????), falando besteiras e - pasmem! - sendo uma celebridade tão famosa, que as pessoas já se acostumaram com a sua presença no cotidiano urbano.
E como se não bastasse a falta de qualidade própria do roteiro (escrito por Alec Sulkin, Wellesley Wild, e pelo também diretor Seth MacFarlane), Ted peca pela total inexperiência de seu diretor (criador da polêmica e bem-sucedida série de TV animada Uma Família da Pesada). É merecido um elogio pela coragem de MacFarlane de elaborar uma história própria, sem se basear em livros, filmes, ou qualquer outra obra já previamente concebida, iniciativa que poucos diretores adotam atualmente. Ainda assim, o filme é conduzido de maneira sofrível e apresenta uma série de deficiências técnicas. Ângulos de tomadas desfavoráveis (em especial a tomada vista de cima que encerra a projeção), um ambiente urbano excessivamente acinzentado, fato que acaba enjoando o espectador, são exemplos das deficiências apresentadas no filme. Até mesmo o CGI empregado na elaboração do protagonista do filme, sofre com a falta de organicidade em várias cenas (destaque para a sequência da briga de Ted com o seu amigo/dono).
E já que estamos falando dos erros de produção e roteiro do filme, gostaria aqui de lançar uma dúvida que não compreendi ainda, em relação à um dos fatos retratados na projeção (só leia esta parte se você já assistiu o filme. Do contrário, pule para o próximo parágrafo. Apesar da grande porcaria que é, não queremos estragar a sua surpresa com o filme) : Se Ted é uma celebridade tão famosa e tão bem aceita pela sociedade, qual é a grande dificuldade do personagem arrumar um emprego? Por que ele acaba arrumando um emprego do qual ele a princípio, não gosta? Alguém com a fama que ele possui, deveria poder conseguir trabalho onde e quando quisesse, não? Mas quem está ligando para o que é plausível não é mesmo? O filme é um absurdo completo...
Para finalizar um trabalho ruim, o clímax é tão bobo - e tão parecido também - com o que vemos no filme Garfield (2004). E como já era de se supor, MacFarlane ainda tenta dar um toque sentimental para testar a afinidade do público com o seu personagem principal. E é justamente aí que a produção do filme trai a si própria. Porque é neste exato momento que nos damos conta que não criamos laços afetivos nenhum com o personagem: Ted é um sujeito à lá Charlie Harper (da série Two and a Half Men) mas sem a metade do carisma de Charlie Sheen.
Para não deixar o filme sem um mínimo elogio sequer, devo dizer que a atuação de Mark Wahlberg (John Bennet) está em um meio termo entre "regular" e "boa". Milla Kunis (Lori) é a decepção que costuma ser. Os demais atores e personagens passam desapercebidos na trama e simplesmente não merecem destaque. Nem mesmo a saudosa (para os fãs da antiga série Flash Gordon, não para a maioria do público, como eu, por exemplo) presença de Sam J Jones é fator memorável da produção.
Volto a lhes perguntar: O que desejam ver, ao irem assistir Ted no cinema? Se for uma comédia inteligente - o que eu gosto de chamar de boa comédia - aconselho-os a não perderem o seu tempo. Talvez, a ideia que origina o filme seria melhor aproveitada numa série de televisão, onde o diretor possui mais experiência e a exigência por algo bem feito não é nem um pouco alta.
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