terça-feira, 16 de outubro de 2012

TED - Crítica

A grande verdade não compreendida do público quando se vai ao cinema, é a clara convicção do que se pretende ver em uma projeção, seguindo é claro o gênero do qual o filme foi enquadrado. Por exemplo, por que o filme Scooby Doo (2002) foi uma grande decepção cinematográfica? Porque o que se esperava, era ver um filme seguindo pelo menos os comprovadamente funcionais moldes do clássico desenho animado produzido por William Hanna e Joseph Barbera. E quando digo "comprovadamente funcionais", basta olharmos para trás, e ver que o tempo não foi o bastante para tirar o sucesso da série, que foi ao ar pela primeira vez em 1969. Contrariando todas as expectativas, o que vimos naquela triste ocasião, foram os famosos personagens distorcidos, uma história ridícula e para completar, um elenco mal-escolhido.

Deste modo, o que você, espectador, deve se perguntar ao ir assistir este insatisfatório Ted nos cinemas, é: "O que eu quero assistir?"

Bem, se você é fã dos estilos de comédia excessivamente usados em filmes como os da série "American Pie" , ou "Todo Mundo em Pânico" por exemplo , cujo humor só acontece através de apelações recorrentes quase exclusivamente à pornografia, então esta obra dirigida por Seth MacFarlane é um prato cheio.

Repleto de tiradas maliciosas e preconceituosas, o grande trunfo - e aqui, leia-se "trunfo" pra quem aprecia o tipo de comédia descrito acima - de Ted é querer fazer o público rir a qualquer custo. Do contrário, jamais teríamos uma projeção que conta uma história de um urso de brinquedo que ganha vida através de um desejo de criança. Pelo menos, não em um filme que se preocupe em entreter o seu espectador pela grandiosidade, ou ao menos inteligência de seu enredo. Sim, talvez a grande conclusão seja esta: Ted não é, de forma alguma, um filme inteligente, mas sim uma grande palhaçada.

Apenas filmes, cujo conteúdo possua extrema qualidade ou possua um elenco que consiga fazer a produção valer a pena - por exemplo, Os Caça-Fantasmas (1987) - podem se dar ao luxo de brincar tanto com a realidade a ponto de torná-la não só impossível, mas também ridiculamente absurda e ainda assim apresentá-la divertida e consistente. Do contrário, não tem nada de engraçado ver um ursinho de pelúcia fazendo sexo (?????), falando besteiras e - pasmem! - sendo uma celebridade tão famosa, que as pessoas já se acostumaram com a sua presença no cotidiano urbano.

E como se não bastasse a falta de qualidade própria do roteiro (escrito por Alec Sulkin, Wellesley Wild, e pelo também diretor Seth MacFarlane), Ted peca pela total inexperiência de seu diretor (criador da polêmica e bem-sucedida série de TV animada Uma Família da Pesada). É merecido um elogio pela coragem de MacFarlane de elaborar uma história própria, sem se basear em livros, filmes, ou qualquer outra obra já previamente concebida, iniciativa que poucos diretores adotam atualmente. Ainda assim, o filme é conduzido de maneira sofrível e apresenta uma série de deficiências técnicas. Ângulos de tomadas desfavoráveis (em especial a tomada vista de cima que encerra a projeção), um ambiente urbano excessivamente acinzentado, fato que acaba enjoando o espectador, são exemplos das deficiências apresentadas no filme. Até mesmo o CGI empregado na elaboração do protagonista do filme, sofre com a falta de organicidade em várias cenas (destaque para a sequência da briga de Ted com o seu amigo/dono).

E já que estamos falando dos erros de produção e roteiro do filme, gostaria aqui de lançar uma dúvida que não compreendi ainda, em relação à um dos fatos retratados na projeção (só leia esta parte se você já assistiu o filme. Do contrário, pule para o próximo parágrafo. Apesar da grande porcaria que é, não queremos estragar a sua surpresa com o filme) : Se Ted é uma celebridade tão famosa e tão bem aceita pela sociedade, qual é a grande dificuldade do personagem arrumar um emprego? Por que ele acaba arrumando um emprego do qual ele a princípio, não gosta? Alguém com a fama que ele possui, deveria poder conseguir  trabalho onde e quando quisesse, não? Mas quem está ligando para o que é plausível não é mesmo? O filme é um absurdo completo...

Para finalizar um trabalho ruim, o clímax é tão bobo - e tão parecido também - com o que vemos no filme Garfield (2004). E como já era de se supor, MacFarlane ainda tenta dar um toque sentimental para testar a afinidade do público com o seu personagem principal. E é justamente aí que a produção do filme trai a si própria. Porque é neste exato momento que nos damos conta que não criamos laços afetivos nenhum com o personagem: Ted é um sujeito à lá Charlie Harper (da série Two and a Half Men) mas sem a metade do carisma de Charlie Sheen.

Para não deixar o filme sem um mínimo elogio sequer, devo dizer que a atuação de Mark Wahlberg (John Bennet) está em um meio termo entre "regular" e "boa". Milla Kunis (Lori) é a decepção que costuma ser. Os demais atores e personagens passam desapercebidos na trama e simplesmente não merecem destaque. Nem mesmo a saudosa (para os fãs da antiga série Flash Gordon, não para a maioria do público, como eu, por exemplo) presença de Sam J Jones é fator memorável da produção.

Volto a lhes perguntar: O que desejam ver, ao irem assistir Ted no cinema? Se for uma comédia inteligente - o que eu gosto de chamar de boa comédia - aconselho-os a não perderem o seu tempo. Talvez, a ideia que origina o filme seria melhor aproveitada numa série de televisão, onde o diretor possui mais experiência e a exigência por algo bem feito não é nem um pouco alta.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

RESIDENT EVIL, RETRIBUIÇÃO - Crítica

Quando uma franquia de filmes, atinge o seu quinto volume, automaticamente se supõe que os seus antecessores tiveram muito conteúdo e foram extremamente bem-sucedidos em suas respectivas propostas. É inevitável pensar em sagas que tiveram tantos filmes e que realmente seguiam esse conceito, como a série "Harry Potter" , "Rocky" , "Star Wars", dentre tantas outras.

E talvez, Paul W. S. Anderson (diretor deste Resident Evil e dos anteiores) até ache realmente que elaborou uma "saga". Porque não consigo entender como uma história que se mostra tão despretensiosa ao longo dos anos, consegue ganhar cinco capítulos, mostrando exatamente a mesma coisa: Alice (Milla Jovovich) em trajes que NINGUÉM usaria para combater zumbis ou qualquer outra coisa que seja, andando de lá pra cá feito barata tonta, somente procurando criaturas para justificar a própria - permitam-me debochar - "história "(risos).

A verdade é que qualquer um pode assistir Resident Evil - Retribuição sem nunca ter sequer ouvido falar do jogo que inspira os filmes. Paul W. S. Anderson tem a irritante mania de recontar toda a história no começo de cada uma das quatro obras sucessoras de Resident Evil - O Hóspede Maldito, primeiro capítulo da franquia.

Dois pontos elogiáveis do longa: O efeito 3D empregado durante toda a projeção e as caracterizações dos personagens existentes no jogo, que mais soam como cosplays do que como figurino cinematográfico, o que é um prato cheio pra quem é fã e jogador dos bons jogos da Capcom que carregam o título discutido.

Fatores estes que se tornam ínfimos diante da grande bobagem que é a história. Por que Alice, demora tanto (cinco filmes!!!!) pra ir atrás dos responsáveis pelo acidente biológico do T-Virus? Por que ela simplesmente não para de ficar procurando zumbis e monstros e vai logo à fonte do problema?

Mas às vezes, até mesmo quando o filme é ruim, o protagonista consegue dar conta do recado. Este NÃO é o caso de Milla Jovovich. Aliás, juntamente com Michelle Rodriguez (personagem tão insignificante cujo nome nem é revelado) elas formam a dupla de canastronas do ano no cinema. Ter cinco "Resident Evil's" é ruim. Ter cinco "Resident Evil's" como Jovovich de protagonista é ainda pior. Especialmente nas tomadas em que ela precisa demonstrar que "não está com medo" ou que "sabe como lidar com a situação" a atriz derrapa horripilantemente.

Pra finalizar, Anderson ainda encerra a sua projeção do mesmíssimo modo como encerrou os filmes anteriores: Em panorama aberto, sugerindo que a partir dali, veremos algo realmente envolvente. Mas desde Resident Evil - A Extinção, terceiro filme, deixei de acreditar nas falsas promessas subliminares do diretor.

O que resta é esperar que o próximo "Resident Evil" , e espero que último, demonstre algo de novo, que os espectadores ainda não viram ou desconhecem. A decisão de inspirar uma série de filmes em um jogo de video-game não é uma má ideia. Mas até este tipo de ideia precisa de um pouco de originalidade por parte quem a executa. Algo que a produção dos cinco filmes ainda não demonstrou e não creio que comece a demonstrar futuramente.