A cada ano que passa, alguns poucos filmes alcançam um certo destaque e entram para o hall de favoritos a conquistar premiações nas diversas cermônias dedicadas ao cinema. Na edição do Academy Awards (Oscar) de 2009, as grandes sensações eram Batman - O Cavaleiros das Trevas e Quem Quer Ser um Milionário?. Em 2010, foi a vez do diretor James Cameron e sua badalada obra Avatar atraírem a atenção da maioria da população. Atenção, que foi comprovadamente desmerecida, já que na entrega da estatueta dourada Guerra ao Terror, filme de Katheryn Biggelow desbancou a "revolucionária" produção de Cameron.
Este ano, então, não poderia ser diferente dos anteriores. Temos em exposição obras que alguns críticos elogiam, sem medo de serem exagerados. Filmes como A Rede Social, O Discurso do Rei, Bravura Indômita, O Vencedor, Toy Story 3, A Origem e Cisne Negro já foram indicados para a categoria de Melhor Filme. E é claro, são estes filmes mais valorizados que sempre despertam a atenção do público.
Bem, a cada ano que passa, os associdados da Academia e os grandes influentes do cinema perdem mais credibilidade. Na esperança de que o exagerado reconhecimento de Avatar tivesse sido um simples equívoco por parte dos mesmos, sábado dia 12 de fevereiro, fui ao cinema - muitíssimo bem acompanhado, diga-se de passagem - ansioso por ver uma bela produção chamada Cisne Negro. Mas, infelizmente, não vi o que queria. Ou então entrei na sessão de uma versão alternativa da produção da qual com certeza deveria se chamar Cisne Tarado (abaixo explicarei melhor o título postiço)
A verdade, é que Darren Aronofsky (diretor) tomou todas as decisões erradas, com uma história que até poderia render um bom filme. Porque Cisne Negro é, acima de tudo um filme que exige reflexão do espectador. Muita reflexão. Isso, não quer dizer que o filme possua um roteiro com alto grau intelectual, ou até mesmo uma trama emaranhada, cuja compreensão exija raciocínio do seu público. Uma pena, pois a projeção aguça a curiosidade e a atenção nos primeiros atos, mas o seu desfecho vai se modelando sem satisfazer a sede causada a princípio.
A primeira decisão errada de Aronofsky é a forma com a qual optou por rodar o filme. Sempre com a câmera muito próxima ao rosto dos atores, raramente se vê uma tomada de corpo inteiro, compondo-se numa forma cansativa de se assistir. Talvez, esse maçante estilo seja atenuado pela belíssima Natalie Portman que empresta a sua beleza a serenidade à obra - ou a pelo menos a parte dela. Mas, como não é só Portman que faz parte do elenco, câmeras que são vistas na altura dos ombros dos personagens acabam cansando.
Bem, mas por que no começo desta postagem eu disse que um título alternativo para a produção poderia ser Cisne Tarado? Sim... aí está outra terrível característica. Quando Nina, personagem de Portman, ganha o papel de Cisne Rainha, na peça de balé O Lago dos Cisnes, ela precisa encarnar dois papéis diferentes: O Cisne Branco, a qual ela consegue personificar com grande habilidade, e o Cisne Negro, personagem que, segundo Thomas, diretor da peça, ela não tem desenvoltura para fazê-lo. Desta maneira, por que então ele deu o papel para a moça? Bem, independente disto, o pior é que depois que o papel é dado à Nina e os ensaios começam, Thomas resolve dar algumas "dicas" para atriz, numa cena incrivelmente ridícula. O diretor sugere a moça que se masturbe, objetivando encarnar a malícia adequada. O problema não está na masturbação em si, já que é uma coisa natural do ser humano. Mas o grande absurdo é o objetivo no qual Thomas se baseia para fazer a sugestão e o pior: Nina acata ao conselho. E conforme este personagem vai tomando conta de seu modo de ser, Aronofsky resolveu condenar a personagem de Portman a se entregar a obsenidade a todo instante, fazendo parecer que o sexo, ou o desejo sexual é o pior defeito de um ser humano.
A partir daí, no decorrer do enredo, a protagonista vai desenvolvendo uma dupla personalidade e gradativamente a faceta má dela - ou o Cisne Negro - vai se sobrepondo à sua personalidade original, destruindo a relação com sua mãe, comprometendo sua realidade íntima, mas agigantando o seu sucesso nos ensaios da peça. Aí, encontramos a reflexão mais fácil do filme, porém a mais cliché também: Ou se preza a vida profissonal ou a vida pessoal.
Além disso, pra mim pelo menos ainda está indefinido qual é a função da personagem de Mila Kunis no filme. Ela não é nem amiga e nem inimiga de Nina. Na minha interpretação, ela é somente a personificação da metade ruim da protagonista. Se isso for realmente verdade, foi um desperdício enorme, porque acredito que Natalie Portman tem talento necessário para interpretar duas personalidades diferentes num único papel. Francamente, se Jim Carrey conseguiu desempenhar brilhantemente uma função semelhante num filme muito mais despretensioso (Eu, Eu Mesmo e Irene) por que Portman não conseguiria?
E por falar nela, a atriz é a única coisa boa do filme. Ela é a representação da doçura e da ingenuidade, mas consegue assustar nos milésimos de segundo que lança olhares malignos, convencendo-nos de que há mesmo uma maldade oculta ali (Então por que raios fazer de Mila Kunis, uma atriz limitada, a representação disso?!).
Mas, infelizmente, até a boa atuação dela é obstruída pela caricata trilha sonora. Ora, tudo bem, estamos vendo um filme sobre balé (arte da qual, segundo ótima concepção do meu irmão, a música dá o tom), mas ainda assim é um filme. Desta forma, não eram necessárias notas irritantemente altas e escandalosas. Na verdade, Portman tem que se desdobrar para dar o clima que a música impõe a força.
De fato, Cisne Negro é uma obra simplesmente medíocre - que significa mediana, do contrário do que muitos pensam. A menos que o diretor Darren Aronofsky estivesse precisando externar a todo custo algum sentimento represado dentro de si, esta é uma das produções mais inúteis que já foram lançadas. Mais uma vez, Hollywood fabrica um produto que, não consigo entender porque, é reverenciado por muitos. Se qualquer um dos seus concorrentes na categoria de Melhor Filme, for somente um pouquinho mais concreto, Cisne Negro já não tem a menor chance de levar o cobiçado prêmio. E pra mim, nesse aspecto, Toy Story 3 já o superou...
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